Ouvidoria   

A Organização do Trabalho IV

19 de junho de 2008

Dando continuidade ao que nos havíamos proposto na coluna passada:

E) O ritmo de trabalho:

A cadência tem um aspecto quantitativo, o ritmo qualitativo.

A cadência refere-se à velocidade dos movimentos que se repetem em uma dada unidade de tempo.

O ritmo é a maneira como as cadências são ajustadas ou arranjadas: pode ser livre (quando o indivíduo tem autonomia para determinar sua própria cadência) ou imposto (por uma máquina, pela esteira da linha de montagem e até por incentivos à produção).

O ritmo de trabalho pode ser imposto pela máquina (no caso de uma linha de montagem, como operações que devem, às vezes, ser executadas em menos de um minuto) ou ser gerenciado pelo trabalhador ao longo de um dia, embora mantendo uma cota de produção diária (como na linha de montagem com estoque-tampão).

Ele pode também ser influenciado pelo modo de remuneração (salário baseado no número de toques sobre o teclado como na digitação ou por unidades produzidas), que é teoricamente um ritmo livre, mas que induz o trabalhador a uma auto-aceleração que não mais respeita sua percepção de fadiga.

Há trabalhos que devem ser necessariamente executados em tempo previamente determinado (os cheques devem ser compensados até as 6 horas, por exemplo), o que por si só constitui uma pressão temporal com sobrecarga de trabalho em determinados horários.

A distinção entre ritmo e cadência é importante para avaliarmos a carga de trabalho.

Tomemos, por exemplo, uma afirmação contida em relatório do tipo “o trabalhador realiza 1.200 levantamentos por dia do braço direito até a altura do ombro“.

Essa medida por si só não permite fazer um julgamento sobre o que ela representa como carga para o trabalhador.

Se ele executa esses movimentos ao realizar uma tarefa em que ele mesmo gerencia a sua cadência e, portanto, pode alterá-la ao longo do dia ou de um dia para o outro, provavelmente, ele tornará melhor essa imposição.

Se, no entanto, ele estiver operando uma máquina que exige que ele faça o movimento e, portanto, não lhe cabe variar a cadência, pode considerar sua carga com mais dificuldade. Acrescente-se a isso, se, a cada levantamento do braço, ele permanece com o braço levantado, por um longo tempo, suportando uma carga. O esforço já é maior então. O mesmo vale para o caso em que essa cadência for imposta por uma fila de clientes.

Logo, medidas quantitativas sem indicações do contexto em que elas ocorrem não contribuem para a avaliação da situação.

Caros trabalhadores e empresários, é isso por hoje!

Um bom trabalho para todos, com segurança!!!

 

Aqui devemos fazer uma distinção entre o ritmo e a cadência.

Categoria: Unimed VTRP