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Cuidados na hora de fazer uma tatuagem

29 de abril de 2013

getting a tattoo

A tatuagem é uma forma de marcação cultural que existe desde o período neolítico, identificada em todos os continentes e inúmeros grupos humanos. A partir do século XIX fora considerada pela antropologia criminal um traço de atavismo primitivo e passou a ser associada às chamadas classes perigosas ou populares. Desde a segunda metade do século XX, as tatuagens reaparecem como expressões da personalidade de determinados grupos urbanos e se torna uma inscrição cultural, uma forma de identidade de grupos urbanos também chamados de tribos. Hoje em dia está generalizada como um costume, uma forma de inscrição no corpo.

Entre os médicos dermatologistas, é consenso que a tatuagem é uma agressão à pele. Mesmo assim, quem é adepto não deixa de fazê-la. Alguns cuidados, entretanto, podem evitar maiores problemas. Conforme o médico dermatologista Sandro Gularte Duarte, de Lajeado, atualmente as tatuagens são feitas (principalmente) com pigmentos de origem mineral e com agulhas específicas para tatuar, que devem ser sempre descartáveis e jamais reutilizadas, assim como as tintas. Ele diz que as máquinas devem, preferencialmente, ter a ponteira de aço inox cirúrgico e/ou descartável e precisam ser limpas por ultrassom e esterilizadas em estufa, a uma temperatura de 170ºC ou superior, por um período de pelo menos três horas.

O médico explica que podem ocorrer diferentes reações na pele ao se fazer tatuagens, que podem se manifestar logo após a confecção da tatuagem ou após vários meses ou anos. “O risco principal é a transmissão de hepatite B (HBV), de hepatite C (HCV) e do vírus da imunodeficiência humana (HIV). Em caso de agulha infectada, a probabilidade de contágio é de 16% para hepatite B, de 12% para hepatite C e de 0,5% para HIV”, salienta. Outro risco refere-se às tintas utilizadas. “Elas são de variadas origens e sem padronização ou controle. Acredita-se que até 17% de 52 colorantes identificados no mercado contenham substâncias cancerígenas. Há também o relato de reações alérgicas aos pigmentos empregados e o registro de reações no momento da retirada das tatuagens. A quebra das partículas dos pigmentos gera produtos de decomposição, que se mostram tóxicos ou até cancerígenos”, diz Sandro Gularte Duarte.

Para quem já tem tatuagens ou está decidido a fazer, o dermatologista recomenda alguns cuidados. Como a tatuagem é um tipo de agressão à pele, cuidar principalmente com o sol para que seja facilitada a cicatrização e diminua a chance de formação de manchas. Podem ser usados cremes cicatrizantes. O melhor período para se fazer tatuagens é no inverno, já que o corpo fica menos exposto ao sol. “A pele deve ser cuidada como qualquer outro lugar. É importante monitorar tanto as tatuagens quanto os piercings, por isso é aconselhável consultar um médico especialista para receber orientações e avaliar a saúde da pele”, indica Sandro.

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Piercings também exigem cuidados Piercings são perfurações que adornam diferentes partes do corpo, uma espécie de “brinco”. Assim como as tatuagens, exigem cuidados para terem boa cicatrização e e evitar complicações. Sandro Gularte Duarte chama a atenção para a limpeza do local, assim como o cuidado com o sol. O médico, no entanto, adverte que algumas pessoas não podem utilizar o adorno. “Há quem apresente distúrbios de cicatrização ou tem alergia ao material do piercing. A cicatriz hipertrófica ou quelóides são esteticamente desagradáveis e de difícil solução”, explica.

Não quero mais, e agora? O piercing pode ser removido mas, segundo Sandro Gularte Duarte, pelo menos o furo da perfuração da pele tende a persistir, podendo ou não surgir mancha escura ou cicatriz hipertrófica/quelóide. “Pode se tentar algum tipo de tratamento com cremes, infiltrações de medicamentos ou até mesmo a correção cirúrgica”, coloca o médico. Sobre a remoção de tatuagens, Sandro diz que há casos relatados de melhora com laser de CO2 e outros laser, como o Nd:YAG e Q-switched. Este último tem mostrado melhores resultados. No entanto, há casos em que os pigmentos podem espalhar-se, agravando o quadro reacional. “A retirada geralmente requer múltiplos tratamentos e a maioria deles não retiram as cores completamente. O pigmento preto é mais fácil de ser apagado, e quanto mais escura a pele mais difícil será a remoção a laser”, ressalta.