É bem possível que você já tenha ouvido falar – ou lido em algum lugar – sobre uma possível relação entre o uso de agrotóxicos e o câncer. Mas será que isso é mesmo verdade?
O tema é polêmico e, de acordo com o médico oncologista Stephen Stefani, coordenador científico da Clínica de Oncologia Unimed, vem frequentemente carregado de posições mais ideológicas. “O fato é que existem estudos epidemiológicos que correlacionaram o uso de agrotóxicos com alguns tipos específicos de câncer, principalmente em populações agrícolas diretamente expostas”, destaca o médico. “Há também avaliações com metodologia correta que apontam o aumento de um tipo de câncer do sistema linfático (Linfoma não Hodgkin), entretanto, ainda existem lacunas importantes no conhecimento científico, incluindo risco de outros tipos de câncer ou risco para o consumidor final”, enfatiza Stefani.
Nas últimas décadas, o desenvolvimento de técnicas modernas e complexas para “vigiar as alterações” que ocorrem no DNA da célula (como a biologia molecular) tem contribuído para identificar riscos. “Por outro lado, deve ser feita a leitura da inviabilidade de produção de alimentos em larga escala sem uso destes produtos e possibilidade de desabastecimento de alimentos importantes para saúde das pessoas, como verduras e frutas”, alerta o oncologista.
Em resumo, o tema é muito mais complexo do que polêmico. Da mesma forma que parece haver correlação do uso de agrotóxicos com alguns tipos de câncer, no que se refere ao risco ocupacional do agricultor, há uma importante carência de dados científicos bem conduzidos do ponto de vista epidemiológico que descreva impacto real no consumidor final.
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