Por Stephen Doral Stefani*
Evento global que ocorre anualmente no dia 4 de fevereiro, o Dia Mundial do Câncer, promovido pela Sociedade Americana de Câncer, tem a meta de unir a população em vários países em iniciativas contra a doença. O objetivo prático é sensibilizar indivíduos, entidades e governos a efetivamente fazer ações para aumentar a informação, educação, arrecadar fundos e modificar condições para que se salvem vidas. Atualmente, quase 9 milhões de pessoas morrem de câncer todo ano no mundo, sendo que aproximadamente 4 milhões tem menos de 70 anos. A estimativa é que a adoção de medidas individuais simples, mudanças de hábitos em nossas rotinas, como fazer atividade física, adotar alimentação rica em fibras, reduzir consumo de álcool, não fumar e evitar exposição solar excessiva possam evitar 40% das mortes precoces pelo câncer. É um número muito significativo.
Cabe, da mesma forma, construir estímulos institucionais para que essas medidas sejam adotadas. Pouco efeito se produz em se alertar as pessoas e não se criar formas práticas de ajudá-las a atingir essas metas. Programas promovidos em escolas e empresas, políticas de saúde consistentes e modelos assistenciais sólidos são fundamentos importantes para que realmente se salvem vidas. Não adianta, por exemplo, uma campanha para mamografias se não existem equipamentos adequados ou se o tempo para conseguir atendimento é maior do que o tempo que a doença deixa de ser curável! Identificar um câncer precocemente quando acesso a melhor tecnologia é um privilégio de 20% da população que tem recurso ou um plano de saúde é nada mais do que gerador de ansiedade.
Até 2030, câncer será a principal causa de morte em todo o mundo, ultrapassando as causas cardiovasculares. Alguns locais, como o Rio Grande do Sul, vão enfrentar essa estatística ainda antes. O custo crescente atribuído ao câncer – seja pelo aumento da prevalência, seja pelos preços incrivelmente caros dos medicamentos – é ainda mais um motivo de preocupação.
Se não adotarmos estratégias imediatamente, mesmo antes da doença se tornar a líder em mortalidade, o debate entrará na casa de cada um de nós de forma devastadora como sempre faz. A necessidade de pautar o assunto com inteligência e responsabilidade é urgente, premente e fundamental.
*Médico especialista em oncologia, coordenador científico da Clínica de Oncologia da Unimed
É gratuito e saudável.